Percepções e trajetórias de Mulheres Egressas do Sistema Prisional

02/11/2023

Conheça a saúde das mulheres egressas do sistema prisional

Texto elaborado por: Naiara Ashaia. Revisão: Michelle Malkiewiez e Catiele Raquel Schmidt

Destaques

  • Dados sobre mulheres egressas do sistema prisional

  • A saúde das mulheres egressa

  • Artigo "Entrevista Narrativa Etnográfica Clínica sobre a Experiência de Mulheres Egressas do Sistema Prisional"

Os estudos recentes sobre a vulnerabilidade feminina destacaram questões como violência, maior suscetibilidade aos transtornos mentais, aspectos socioeconômicos, raciais e desigualdade de gênero como importantes estressores que permeiam a vida das mulheres. Esse cenário é ainda mais complexo em subgrupos específicos, como é as mulheres egressas do sistema prisional

O Brasil, marcado por desigualdades sociais e de gênero, tem uma das maiores aglomerações carcerárias femininas do mundo. Ela é composta predominantemente por mulheres negras e com baixa escolaridade.

Projetos de vida e reinserção social se tornam ainda mais motivados para elas, dada a estigmatização e falta de oportunidades. Além disso, o abandono familiar e as dificuldades de restabelecer vínculos são questões vivenciadas expressivamente por mulheres egressas do sistema prisional.

A saúde de mulheres egressas do sistema prisional

A saúde mental da mulher é um foco importante dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e das políticas públicas tanto no cenário nacional como internacional. As recomendações enfatizam a necessidade de desenvolver pesquisas que combatam o estigma e a vulnerabilidade relacionada ao gênero. Com isso, buscam-se novas técnicas que ampliem a expressão dos sentimentos e experiências dessas mulheres.

Nesse contexto, o artigo "Entrevista Narrativa Etnográfica Clínica sobre a Experiência de Mulheres Egressas do Sistema Prisional" tem como objetivo analisar a percepção dessas mulheres sobre os principais estressores em suas trajetórias. Também discutem a viabilidade da técnica de Entrevista Narrativa Etnográfica Clínica (CENI) para facilitar a narrativa desse grupo.

A pesquisa foi realizada em um dispositivo de proteção social no interior de São Paulo. Os dados foram coletados por meio da técnica de Entrevista Narrativa Etnográfica Clínica, que intercala narrativas e recursos visuais. Assim, permite uma expressão mais completa e sensível dos sentimentos e experiências das participantes.

Foram selecionadas mulheres egressas do sistema prisional que atenderam aos critérios de elegibilidade. As entrevistas foram realizadas entre janeiro e fevereiro de 2021. As narrativas abordaram dificuldades psicossociais anteriores ao encarceramento e avaliaram o ambiente hostil das prisões, como lócus de conflitos e abuso de poder.

A técnica CENI possibilitou que as participantes contassem suas experiências de maneira completa e profunda. Assim, permitiu pensamentos importantes sobre suas trajetórias de vida e emoções. Além disso, a técnica abriu uma oportunidade para refletir sobre experiências traumáticas e elaborar projetos futuros.


Conclusão

As narrativas das mulheres egressas do sistema prisional também apontaram para a presença de processos resilientes, com destaque para a importância da espiritualidade e do apoio social. A técnica CENI se mostrou adequada para abordar esses aspectos, permitindo uma coleta de dados mais sensível, acolhedora e oportuna.

As mulheres egressas do sistema prisional são marcadas por estressores que atingem diretamente sua saúde mental. O ambiente hostil do cárcere, o desamparo familiar e a falta de oportunidades após a libertação são questões cruciais para essa população. As participantes também contaram sobre os processos de ressignificação de palavras que remetiam às ideias de superação, esperança, recomeço e gratidão.



Texto do blog elaborado com base no seguinte artigo: Alves AM, Saint-Arnault D, Boroski AH, Scherer ZAP, Carvalho MTVF, Oliveira JL, Souza J. Entrevista narrativa etnográfica clínica sobre a experiência de mulheres egressas do sistema prisional. Texto Contexto Enferm. 2023; 32:e20220329. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2022-0329pt

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