A mudança na Cultura de Segurança pode auxiliar enfermeiros obstetras?
Entenda como enfermeiros obstetras podem melhorar sua prática
Texto elaborado por: Naiara Ashaia. Revisão: Michelle Malkiewiez e Catiele Raquel Schmidt
DESTAQUES
Trabalho em equipe é um fator positivo para a segurança do paciente;
Cultura punitiva precisa ser superada durante o cuidado em saúde.
A segurança do paciente é uma preocupação crescente em instituições de saúde devido eventos adversos que podem ocorrer durante a assistência à saúde. Esses eventos adversos evitáveis também podem ocorrer durante o parto (antes, durante e após). Em resposta a esse cenário, têm sido desenvolvidas diversas diretrizes e planos de ação para melhorar a segurança no atendimento obstétrico.
Estudos apontam que cerca de um em cada dez pacientes enfrenta eventos adversos durante a internação hospitalar. A partir dessa realidade, o estudo "Cultura de segurança na prática clínica dos enfermeiros obstetras" foi realizado em duas maternidades integradas em um centro hospitalar de Portugal, entre setembro de 2018 e maio de 2019. A pesquisa foi observacional, analítica e transversal e investigou a cultura de segurança na prática clínica dos enfermeiros obstetras.
Um total de 70 enfermeiras obstetras participaram, respondendo ao Hospital Survey on Patient Safety Culture (que é um questionário validado sobre Segurança do Paciente). Os dados foram examinados pela análise descritiva e inferencial.
Conheça os dados sobre cultura de segurança
Os resultados apontaram que a dimensão "trabalho em equipe dentro das unidades" se destacou como a mais forte na cultura de segurança das maternidades, obtendo escores acima de 75,0% de respostas positivas. Isso indica que o trabalho colaborativo entre os profissionais dentro das unidades é uma prática bem estabelecida.
No entanto, as dimensões "resposta ao erro não punitiva", "frequência da notificação de eventos", "trabalho em equipe entre unidades", "apoio à segurança do paciente pela gestão", "quantidade de profissionais" e "percepções gerais sobre a segurança do paciente" foram consideradas problemáticas, com escores abaixo de 50,0%. Isso indica que a cultura de segurança nestas áreas precisa ser fortalecida para melhorar a assistência obstétrica.
Além disso, as dimensões "expectativas do supervisor", "feedback e comunicação sobre o erro", "abertura na comunicação", "aprendizagem organizacional" e "transferências e transições hospitalares" obtiveram pontuações testemunhais, variando entre 50,0% e 65, 0%.
Os resultados evidenciaram a prevalência de uma cultura punitiva e subnotificação de eventos adversos. Isso sugere que mudanças são necessárias para fomentar uma abordagem não punitiva na resposta a erros e incentivar a comunicação aberta sobre eventos adversos.
Outro ponto crítico destacado pelo estudo é a quantidade insuficiente de enfermeiros obstetras e o pouco comprometimento da gestão hospitalar com a segurança do paciente. Essas questões impactam diretamente a prática clínica dos enfermeiros obstetras e podem comprometer a qualidade da assistência prestada.
Conclusão
O estudo evidencia a importância da avaliação periódica da cultura de segurança nas maternidades. Essa análise possibilita o planejamento de intervenções executadas, visando reduzir a incidência de erros e aprimorar a segurança na assistência obstétrica.
Em última análise, a promoção de uma cultura de segurança sólida é fundamental para garantir o bem-estar tanto dos profissionais de saúde quanto das gestantes e bebês atendidos nas maternidades.
As dimensões frágeis mostram a necessidade de melhorias na cultura de segurança nas maternidades. A subnotificação e a falta de notificação de eventos adversos, o apoio limitado da gestão hospitalar à segurança do paciente são desafios a serem superados. A cultura punitiva ainda predominante, também afeta a resposta ao erro e a comunicação entre as equipes.
Texto do blog elaborado com base no seguinte artigo: Brás CPC, Barbieri de Figueiredo MCA, Ferreira MMC. Cultura de segurança na prática clínica dos enfermeiros obstetras. Texto Contexto Enferm. 2023; 32:e20220330. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2022-0330ptdo
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