Divulgando a Ciência para Mulheres Privadas de Liberdade

19/10/2023

Estudo apresenta vídeos para mulheres privadas de liberdade

Texto elaborado por: Naiara Ashaia. Revisão: Michelle Malkiewiez e Catiele Raquel Schmidt

Destaques

  • Uso de vídeos para as mulheres privadas de liberdade como meio de divulgação científica;

  • Assuntos abordados nos vídeos a partir da demanda das mulheres - Ciclo Menstrual, Hipertensão Arterial e Epilepsia.

A Educação em Saúde exerce um papel significativo na melhoria do bem-estar e qualidade de vida das pessoas. Entretanto, uma parcela da população, como as mulheres privadas de liberdade, muitas vezes é excluída das iniciativas educacionais.

No Brasil, o crescimento da população carcerária feminina foi notável, aumentando em 525% entre 2000 e 2016, o que colocou o país como o quarto maior encarcerador de mulheres do mundo. Atualmente, são mais de 45 mil mulheres privadas de liberdade no Brasil, correspondendo a 5,5% do total da população carcerária.

Para abordar essa situação, um estudo metodológico foi conduzido para validar materiais educativos direcionados a esse público, considerando o conceito de letramento em saúde.

Por que usar vídeos para as mulheres privadas de liberdade?

O estudo detalhado no artigo "Tecnologia Educativa Sobre Saúde para Mulheres Privadas de Liberdade à Luz do Letramento em Saúde" empregou um método que incluiu a criação de três vídeos voltados às mulheres, abordando tópicos como Ciclo Menstrual, Hipertensão Arterial e Epilepsia, selecionados com base nas preferências delas.

Para garantir a qualidade e confiabilidade dos materiais educativos, sete especialistas em saúde avaliaram os vídeos às mulheres privadas de liberdade por meio do "Instrumento de Validação de Conteúdo Educativo em Saúde". Também foi conduzida uma análise de legibilidade utilizando a "Avaliação de Adequação de Materiais".

Para a aprovação dos conteúdos, critérios de aprovação foram estabelecidos, com uma concordância superior a 80% entre avaliadores e uma satisfação entre 40% e 100%. Os resultados comprovam a adequação dos vídeos educativos, com avaliações de qualidade variando entre 85,2% e 88,8%, classificando os vídeos como de alta qualidade e alinhados com as necessidades identificadas.

Outro aspecto importante foi a avaliação da legibilidade dos textos, com pontuações entre 70,9 e 78,1, indicando leitura "fácil" ou "muito fácil". Isso é crucial para tornar a educação em saúde acessível e compreensível para todos.

A etapa final da validação foi concluída com a participação direta das mulheres privadas de liberdade em uma prisão feminina no Ceará, em agosto de 2022. Elas avaliaram os vídeos utilizando o "Instrumento para Avaliação de Tecnologia Assistiva", mostrando uma resposta positiva com mais de 70% de concordância.

Conclusão

O método do estudo consistiu no desenvolvimento de três vídeos para as mulheres privadas de liberdade, abordando temas escolhidos por elas: Ciclo Menstrual, Hipertensão Arterial e Epilepsia. O processo de criação seguiu quatro etapas fundamentais: construção dos storyboards, validação por juízes especialistas, desenvolvimento dos vídeos e, por fim, a validação pelo público-alvo.

Para garantir a confiabilidade dos materiais educativos, sete juízes experientes em saúde participaram da avaliação dos vídeos para as mulheres privadas de liberdade. Isso se deu por meio do Instrumento de Validação de Conteúdo Educativo em Saúde. Também foi utilizado a Avaliação de Adequação de Materiais para análise de legibilidade.

Para a aprovação dos conteúdos, foi estabelecido que deveria haver mais de 80% de concordância entre os juízes. Ao mesmo tempo, a satisfação, de acordo com o Instrumento, deveria variar entre 40% e 100%.

Os resultados obtidos comprovam a adequação dos vídeos educativos. Os storyboards alcançaram uma pontuação variando de 0,92 a 1,0 no Instrumento de validação, evidenciando a qualidade dos materiais. Quanto à avaliação de declínio, os percentuais variaram de 85,2% a 88,8%, classificando os vídeos como de alta qualidade, indicando que estão em sintonia com as necessidades do público-alvo.

Outro aspecto relevante foi a análise de legibilidade dos textos. Ela revelou valores entre 70,9 a 78,1, considerados como "fáceis" ou "muito fáceis" de ler. Isso é crucial, considerando especialmente que a educação em saúde deve ser acessível e compreendida para todos.

A etapa final da validação foi executada com a participação direta das mulheres privadas de liberdade em uma cadeia pública feminina do Ceará. Elas avaliaram os vídeos em agosto de 2022, usando o Instrumento para Avaliação de Tecnologia Assistiva. A resposta positiva, com um nível de concordância superior a 70%, garantiu a pertinência e a conversão dos materiais incluídos.

Texto do blog elaborado com base no seguinte artigo: Galiza DDF, Cabral LA, Machado ALG, Moreira TMM, Sampaio HAC. Tecnologia educativa sobre saúde para mulheres privadas de liberdade à luz do letramento em saúde. Texto Contexto Enferm. 2023; 32:e20220260. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2022-0260pt

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